Retrofit Edifício 515N
CONSTRUÍDO
BRASÍLIA-DF, 2019
O edifício está localizado na Asa Norte em Brasília e foi construído em 1978. O imóvel encontrava-se vazio por um longo período após sua última locação por uma só empresa. O proprietário do edifício planejava adequá-lo às normas atuais de combate a incêndios e acessibilidade, revisar grande parte instalações elétricas e modernizar o sistema de ar-condicionado. Além disso, identificamos dois outros problemas importantes que se tornaram os principais pontos da nossa intervenção nas fachadas do edifício: o superaquecimento dos espaços internos causados pela exposição direta das fachadas originais em pele de vidro à insolação e o mau estado do encontro entre o edifício e a calçada pública. Películas escuras e translúcidas foram aplicadas nas faces internas dos vidros ao longo dos anos para tentar minimizar os problemas da insolação, além de cortinas que existiam em diversos trechos internos das fachadas. Na calçada, havia grades que foram criadas para isolar o poço inglês que era aberto para a calçada e protegido por guarda-corpos.
Apesar do problema da exposição excessiva ao sol, as fachadas originais se encontravam em bom estado de conservação e funcionamento. Dessa forma, propusemos manter a fachada original e “envelopar” todo o edifício com uma nova fachada que teria apenas a função de sombreá-la. Por isso, o material de sombreamento deveria ser leve e possuir baixa necessidade de manutenção. O material escolhido foi a chapa corrugada e perfurada do tipo “miniwave”, fabricada com uma liga metálica chamada “aluzinc” e pintada na fábrica com pintura eletrostática. Ao mesmo tempo em que a nova “pele” do edifício protege os interiores da insolação excessiva, sua perfuração permite a vista para o exterior. Esta solução também trouxe grande economia para o funcionamento para o sistema de ar-condicionado. Porém, o grande desafio desta proposta foi encontrar a melhor forma de fixar a nova fachada ao edifício existente.
Após estudar opções iniciais de estruturas complementares de fachada fixadas diretamente às vigas de todos os pavimentos (o que acarretaria furos sobre a fachada original que poderiam resultar em problemas de estanqueidade) decidimos que a solução de fixação deveria apoiar-se somente nas vigas aparentes de topo e base, sem demandar nenhum furo na fachada existente. Para isso foi feito o escaneamento em 3D (nuvem de pontos) de toda a fachada para delinear o perfil exato da superfície existente de vigas. O consultor de fachadas propôs grandes treliças metálicas planas fixadas às quinas do edifício e distribuídas nas grandes áreas planas. Suas posições foram definidas de acordo com a avaliação e verificação do cálculo da estrutura existente de modo a distribuir o peso da melhor forma possível, sem a necessidade de reforços estruturais adicionais. Os grandes pilares externos existentes também foram usados como apoio complementar da nova fachada. Esta solução também teve o objetivo de manter o que identificamos como a intenção principal da composição plástica da fachada original, onde os pilares são elementos visíveis que “extrapolam” a caixa escura ao redor dos pavimentos-tipo. A fachada original sob a nova fachada foi restaurada e mantida, as cortinas e películas de proteção foram retiradas.
Para o embasamento do edifício nós propusemos um sistema de elementos metálicos fixados às jardineiras e fachada originais. Trata-se de uma solução que buscou combinar a função da grade para limitação de acesso (que já existia de uma outra forma no imóvel original) a função de proteção solar que era necessária, além da criação de um piso vazado sobre o poço inglês, o que acabaria por ampliar a calçada pública que antes era limitada pelo guarda-corpo do poço de ventilação no limite do terreno. Diferentemente da fachada da torre, a possibilidade de acesso para manutenção no embasamento nos permitiu utilizar chapas de aço perfuradas resistentes que foram pintadas no local (o que também permite uma nova pintura no caso de ataques de vandalismo). Por isso, foram utilizadas chapas com o mesmo padrão de furação e espessuras diferentes para a fachada e piso. Assim como acontece na torre, as fachadas originais foram mantidas sob a nova “pele” de proteção e a vista para o exterior é preservada.
O piso da praça de acesso é do projeto original e foi restaurado. Também utilizamos granilite (nova) no piso da recepção do prédio e granito preto nas saídas de elevadores. Todo o restante dos pisos dos pavimentos-tipo foi deixado sem acabamento, pronto para que o inquilino escolha qual piso preferirá utilizar.
Internamente, retiramos todo o forro para aumentar o pé-direito dos andares, deixando aparentes as lajes e vigas da estrutura existente. As novas eletrocalhas distribuem as instalações elétricas, iluminação, cabos de rede, tubulações de combate a incêndio além das tubulações e drenos dos aparelhos de ar-condicionado que ficarão suspensos. Os núcleos centrais de todos os andares foram transformados em um único volume que concentra os novos shafts de instalações e as antecâmaras necessárias para adaptação das escadas às normas atuais de combate à incêndio.
Autores:
Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco
Coordenação: Victor Machado
Equipe: Guilherme Mahana, Giovanni Cristofaro, Bárbara Neumann e Júlia Huff (isométricas e desenhos de detalhe)
Superfície Construída: 10.200m2
Projeto: 2018
Construção: 2018-2019
Estrutura metálica e consultoria de fachada: Metier Sistemas de Fachadas
Instalações: Benfatto Projetos Integrados
Obra: Espaço Y Engenharia
Fotos: Victor Machado e Marina Lira
Retrofit Edifício 515N
CONSTRUÍDO
BRASÍLIA-DF, 2019
O edifício está localizado na Asa Norte em Brasília e foi construído em 1978. O imóvel encontrava-se vazio por um longo período após sua última locação por uma só empresa. O proprietário do edifício planejava adequá-lo às normas atuais de combate a incêndios e acessibilidade, revisar grande parte instalações elétricas e modernizar o sistema de ar-condicionado. Além disso, identificamos dois outros problemas importantes que se tornaram os principais pontos da nossa intervenção nas fachadas do edifício: o superaquecimento dos espaços internos causados pela exposição direta das fachadas originais em pele de vidro à insolação e o mau estado do encontro entre o edifício e a calçada pública. Películas escuras e translúcidas foram aplicadas nas faces internas dos vidros ao longo dos anos para tentar minimizar os problemas da insolação, além de cortinas que existiam em diversos trechos internos das fachadas. Na calçada, havia grades que foram criadas para isolar o poço inglês que era aberto para a calçada e protegido por guarda-corpos.
Apesar do problema da exposição excessiva ao sol, as fachadas originais se encontravam em bom estado de conservação e funcionamento. Dessa forma, propusemos manter a fachada original e “envelopar” todo o edifício com uma nova fachada que teria apenas a função de sombreá-la. Por isso, o material de sombreamento deveria ser leve e possuir baixa necessidade de manutenção. O material escolhido foi a chapa corrugada e perfurada do tipo “miniwave”, fabricada com uma liga metálica chamada “aluzinc” e pintada na fábrica com pintura eletrostática. Ao mesmo tempo em que a nova “pele” do edifício protege os interiores da insolação excessiva, sua perfuração permite a vista para o exterior. Esta solução também trouxe grande economia para o funcionamento para o sistema de ar-condicionado. Porém, o grande desafio desta proposta foi encontrar a melhor forma de fixar a nova fachada ao edifício existente.
Após estudar opções iniciais de estruturas complementares de fachada fixadas diretamente às vigas de todos os pavimentos (o que acarretaria furos sobre a fachada original que poderiam resultar em problemas de estanqueidade) decidimos que a solução de fixação deveria apoiar-se somente nas vigas aparentes de topo e base, sem demandar nenhum furo na fachada existente. Para isso foi feito o escaneamento em 3D (nuvem de pontos) de toda a fachada para delinear o perfil exato da superfície existente de vigas. O consultor de fachadas propôs grandes treliças metálicas planas fixadas às quinas do edifício e distribuídas nas grandes áreas planas. Suas posições foram definidas de acordo com a avaliação e verificação do cálculo da estrutura existente de modo a distribuir o peso da melhor forma possível, sem a necessidade de reforços estruturais adicionais. Os grandes pilares externos existentes também foram usados como apoio complementar da nova fachada. Esta solução também teve o objetivo de manter o que identificamos como a intenção principal da composição plástica da fachada original, onde os pilares são elementos visíveis que “extrapolam” a caixa escura ao redor dos pavimentos-tipo. A fachada original sob a nova fachada foi restaurada e mantida, as cortinas e películas de proteção foram retiradas.
Para o embasamento do edifício nós propusemos um sistema de elementos metálicos fixados às jardineiras e fachada originais. Trata-se de uma solução que buscou combinar a função da grade para limitação de acesso (que já existia de uma outra forma no imóvel original) a função de proteção solar que era necessária, além da criação de um piso vazado sobre o poço inglês, o que acabaria por ampliar a calçada pública que antes era limitada pelo guarda-corpo do poço de ventilação no limite do terreno. Diferentemente da fachada da torre, a possibilidade de acesso para manutenção no embasamento nos permitiu utilizar chapas de aço perfuradas resistentes que foram pintadas no local (o que também permite uma nova pintura no caso de ataques de vandalismo). Por isso, foram utilizadas chapas com o mesmo padrão de furação e espessuras diferentes para a fachada e piso. Assim como acontece na torre, as fachadas originais foram mantidas sob a nova “pele” de proteção e a vista para o exterior é preservada.
O piso da praça de acesso é do projeto original e foi restaurado. Também utilizamos granilite (nova) no piso da recepção do prédio e granito preto nas saídas de elevadores. Todo o restante dos pisos dos pavimentos-tipo foi deixado sem acabamento, pronto para que o inquilino escolha qual piso preferirá utilizar.
Internamente, retiramos todo o forro para aumentar o pé-direito dos andares, deixando aparentes as lajes e vigas da estrutura existente. As novas eletrocalhas distribuem as instalações elétricas, iluminação, cabos de rede, tubulações de combate a incêndio além das tubulações e drenos dos aparelhos de ar-condicionado que ficarão suspensos. Os núcleos centrais de todos os andares foram transformados em um único volume que concentra os novos shafts de instalações e as antecâmaras necessárias para adaptação das escadas às normas atuais de combate à incêndio.
Autores:
Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco
Coordenação: Victor Machado
Equipe: Guilherme Mahana, Giovanni Cristofaro, Bárbara Neumann e Júlia Huff (isométricas e desenhos de detalhe)
Superfície Construída: 10.200m2
Projeto: 2018
Construção: 2018-2019
Estrutura metálica e consultoria de fachada: Metier Sistemas de Fachadas
Instalações: Benfatto Projetos Integrados
Obra: Espaço Y Engenharia
Fotos: Victor Machado e Marina Lira